terça-feira, 20 de julho de 2010

o remorso de baltazar serapião de valter hugo mãe

Primeiro, o desaparecimento das maiúculas e da pontuação emotiva : por um lado, diz o autor, tem a ver com ele ( com maiúsculas o texto não lhe soa autêntico), por outro lado tem a ver com o ritmo do discurso coloquial. Pronto e ponto de exclamação, porque o autor também perde a paciência.
Agora a história: os Serapião são uma raça amaldiçoada que extermina com requintes de malvadez as fêmeas da família para educá-las e lavar a sua honra. As excepções são a vaca, figura materna e fundadora da família, e o filho mais novo cuja inocência do coração se reflecte na arte de reproduzir a beleza para além da realidade.
Um pouco "Crime e Castigo", um pouco "Otelo" mergulhados num universo medieval (?) onde a realidade exacerbada e a fantasia criam um mundo cruel e delirante cuja escapatória é inevitavelmente a morte.
Aqui coabitam homens e animais, bruxas e feitiços, inferno e sexualidade.
O sofrimento é constante e devastador e Baltazar Serapião não encontrará descanso nem neste, nem em nenhum mundo.

1 comentário:

  1. Acho a novela, após das tuas palavras, como uma fonte de inquietação. Parece um inferno de desesperança, não é?
    Obrigado pela crónica.
    Abu

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