domingo, 12 de dezembro de 2010

Vai acontecendo

Poderia a qualquer momento desistir, desistir de coisas, de ideias, de vontades até mesmo de sentimentos, mas não consigo desistir de pessoas. Talvez seja esta dependência que tenha permitido que o centro da dor nunca fosse exclusivamente um eu imaturo e sofredor, mas outros tantos que, apesar de tudo, transformam-me sempre numa pessoa capaz de conviver com todas as outras em mim.

Afinal, falando com todas, sinto ridícula a dor de uma ou relativa a frustração de outra.

No entanto, por vezes, todas as vozes se confundem e fico paralisada e muda, tentando não perder nada desta conversa impossível.

Sei que sou tudo isso, apesar de não poder viver assim. E não consigo desistir de nenhuma das vozes que falam em mim. Com o tempo, tudo parece mais confuso, ao contrário do que sempre me disseram.

Tão pouco encontro sentido nisto.

Aliás o único sentido que alguma vez encontrei, foi o de transformar a vontade em acção e de perder-me até ao ponto da acção transformar-se em vontade, e assim esvaziar-me de energia e deixar-me esgotada e vazia.

E só existe o que se faz.

Pensar que sou tudo o que faço, tem-me deixado muito irritada comigo. Por vezes, só por uma questão estética, por vezes ética e, por vezes, para ser sincera, isso também se confunde.

2 comentários:

  1. Aleluya¡¡¡
    Finalmente a flor resuscitou e o fiz como é costumbre. Brilhante e triste. Fico ao pé de ti, na distancia e nas recordações. Também no coração.
    Saudades que não morrem nem magoam.

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  2. No meu limitado saber, aquilo que somos, resume-se naquilo que os outros sentem (e não pensam), quando estão junto de nós.

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