segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Cidade da Alegria de Dominique Lapierre

Iniciei a leitura deste livro com alguma relutância. Ficcionar a miséria e a luta pela sobrevivência, não me parecia a melhor perspectiva para abordar um tema tão chocante, principalmente do ponto de vista ocidental. Sempre considerei, talvez erradamente, que a abordagem das terríveis catástrofes que vitimam as populações mais desfavorecidas era mais destinada a aliviar a consciência dos que vivem na abundância e no desperdício do que os males das populações que vivem e morrem sem esperança de alterar o curso das suas vidas.
No entanto, este relato de experiências frágeis e insignificantes, num mundo de carências e necessidades de toda a ordem, cativou-me.
O bairro da lata mais pobre de Calcutá e os seus habitantes, esquecidos e transparentes aos olhos dos que não partilham o seu destino, transfigura-se num universo onde quem nada tem luta todos os dias por um dia mais. Um universo onde quem quer aliviar um pouco todo este sofrimento tem de aceitar modestamente que nada pode fazer salvo estender ao seu vizinho uma mão caridosa ou dirigir-lhe uma palavra amiga.
O único milagre realizado pelo padre e o médico que partilham o dia-a-dia desta " Cidade da Alegria" é terem visto pessoas onde os outros vêem "gado" para todo o serviço.Devolver o nome próprio a cada pessoa é devolver-lhe a dignidade, até mesmo nas condições mais "desumanas" .O padre rezava por cada um , qualquer que fosse a sua religião, e todos aceitavam as suas preces como um bâlsamo divino.
Como dizia Madre Teresa de Calcutá que se dedicou aos que eram menos que nada, os leprosos,os que nem neste bairro da lata tinham lugar : " Tudo isto é uma gota num oceano, mas o oceano precisa de cada gota."
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1 comentário:

  1. Gosto de que te tenha cativado o livro. É uma mostra de como o Amor de Deus pode ver o seu reflexo nas vida reais das pessoas e de como um gesto, uma palavra ou uma oração são coisas que precisam as pessoas ricas ou pobres.
    Lembra que tu és também uma gota imprescindível em muitos oceanos, trios e mares.
    Abu

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